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Meskla reúne gigantes da música nacional e local no Estádio Mané Garrincha

Em noite única, o festival reuniu talentos locais (DF) e nacionais como Mano Brown, Djonga, Veiga, Orochi, Chefin, Duquesa, MC Cabelinho, Kayblack, MC Hariel, Major RD, Ryu - The Runner, Negra Flow, Isa Marques, MC Oráculo, Zero Pacceli, entre outros. O evento teve como pontos altos as músicas Vida Loka – Parte I, do grupo Racionais MC’s, e Olho de Tigre, do rapper Djongador.

Meskla reúne gigantes da música nacional e local no Estádio Mané Garrincha
Meskla reúne gigantes da música nacional e local no Estádio Mané Garrincha (Foto: Reprodução)

Brasília (DF) recebeu nesse sábado (17/05) grandes nomes nacionais e locais da música negra, suburbana e periférica no festival Meskla, realizado na arena de eventos do Estádio Mané Garrincha.

O evento contou com a presença dos shows de Mano Brown (Racionais MC’s), que convidou o rapper Djonga para participação especial.

“Coração, uma dica, um direcionamento. Eu recebi meus direcionamentos no início também, e foi bom pra mim. E acreditar. Tem que amar, tem que estar curtindo também”, aconselhou Mano Brown, deixando uma mensagem de incentivo para todos os artistas da nova geração, para seus fãs e para todo o público.


“O único direcionamento que eu daria pra alguém, conselho real, é fazer a pessoa entender que o bagulho é sobre ela, em primeiro lugar, né. E que tem que ser apaixonado pela parada. É o que eu sinto, de verdade”, concluiu Djonga, que se apresentará neste fim de semana em Belo Horizonte para o lançamento do seu EP "Quanto mais eu como, mais fome eu sinto".

Mano Brown reúne Djonga, Veich, MC Hariel, Lino Cris e Ylsão no mesmo palco


Um dos pontos altos da noite foi quando o rapper líder do grupo Racionais MC’s – uma das maiores referências do rap e da cultura hip-hop no Brasil – reuniu no mesmo palco diversos artistas – Djonga, Veigh, MC Hariel, Lino Krizz e Ylsão, que cantaram juntos a música Vida Loka – parte I, de autoria do grupo Racionais MC’s.

“Às vezes eu acho que todo preto como eu, só quer um terreno no mato só seu. Sem luxo, descalço, nadar no riacho. Sem fome, pegando as frutas no cacho. Aí, truta, é o que eu acho. Quero também. Mas em Brasília, Deus é uma nota de R$ 100. Vida Loka”, entoou o público em coro, junto aos artistas.

Djonga empolga o público aos cantar Olho de Tigre e entoar em coro "Fogo nos Racistas"


Outro ponto de destaque foi a performance do rapper Djonga, após o show de Mano Brown. Com uma mesa em cima do palco, onde Mano Brown, Veigh, MC Hariel, Lino Krizz e Ylsão conversavam, assistiam o show e bebiam, Djonga se apresentou com potência, força e impacto impressionantes.

“Um boy branco me pediu um high five, confundi com um Heil, Hitler! Quem tem minha cor é ladrão. Quem tem a cor de Eric Clapton é cleptomaníaco. Na hora do julgamento, Deus é preto e brasileiro. E pra salvar o país Cristo é um ex-militar que acha que mulher reunida é puteiro”, cantou Djongador, em Olho de Tigre, tirando o público chão e levando os fãs à loucura.

“Sensação, sensacional. Sensação, sensacional. Sensação, sensacional. Firma, firma, firma. Fogo nos ‘racista’”, embalou o rapper mineiro, que apresentou ao público grandes sucessos da sua carreira, como "O menino que queria ser Deus", "Leal" e também músicas do seu novo álbum, como "Fome" e "Melhor que ontem".

Artistas locais demonstram força e poder de influência



Antes das apresentações de Djonga e Mano Brown, os artistas locais subiram ao palco do festival para inaugurar os shows da noite, começando com as DJ’s Ketlen e Negritah, depois com a performance de Negra Flow, que cantou músicas do seu novo álbum "Luxúria", lançado em abril deste ano, e da rapper Isa Marques.

“É um orgulho e prazer enorme estar aqui essa noite, compartilhando minhas músicas com vocês, principalmente as do meu novo álbum "Luxúria", que teve uma receptividade incrível por parte do público. E eu estou muito feliz por isso”, afirmou Negra Flow, que empolgou o público com a sua apresentação, presença de palco e coreografias ousadas.

Já a rapper Isa Marques, da região administrativa (RA) de Sobradinho (DF), parabenizou o público e a produção do festival pela noite de shows, encontros, cultura e entretenimento.

“Eu só tenho a agradecer. Foi um dia único. É como se a Isa Marques estivesse ocupando o seu lugar, sem pedir nada pra ninguém. A reação do público foi ótima. O público dançou, pulou, cantou, vibrou. Eu acho que as pessoas entenderam a mensagem”, destacou a rapper.

"Eu sempre tento passar uma mensagem de inspiração, superação, amor e orgulho nos meus sets. Foi uma apresentação incrível, e o público pode aguardar que mais festas e shows incríveis estão por vir”, comemorou a DJ Negritah.

A DJ Jakeceiii também foi uma das convidadas do evento, fechando esse time feminino de peso representando o DF de ponta a ponta.

Duquesa expressa originalidade e personalidade


A rapper Duquesa, nascida em Feira de Santana, no estado da Bahia (BA), esquentou as pistas apresentando um som original, impositivo e uma performance de fazer transpirar até no frio noturno de Brasília.

“Estou muito feliz de estar aqui no evento com vocês essa noite. E essa aqui é a minha, a sua, a nossa Taurus Gang”, afirmou Duquesa, antes de cantar Taurus.

“Ele me olha tanto que até perdeu o foco. Se aproxima, vida. Assim, ‘cê’ sabe que eu não mordo. Essa raba grande gosta de big boys. Essa grande gostosa gosta de muito luxo”, cantou Duquesa, esquentando o clima nas pistas.

Além de Taurus, música do seu disco Taurus, lançado em 2023, a rapper baiana apresentou sucessos como 99 Problemas, Vermelho e Preto, Pose e Purple Rain, gravada e cantada com o rapper paulista Yunk Vino.

Yunk Vino quebra tudo em performance eletrizante


Diretamente de São Paulo (SP), o rapper Yunk Vino subiu ao palco próximo às 19h, após o show da rapper Duquesa.

Nesse momento de transição de shows, apresentados alternadamente nos dois palcos principais montados um ao lado do outro na Arena do Estádio Mané Garrincha, Yunk Vino e Duquesa apresentaram juntos a música Purple Rain.

“Go. That’s dope! E ele sorri de canto, prefere whisky do que gin. Gosto quando prepara a bebida, e olha pra mim”, iniciou Duquesa.

“Noites que ela fica louca. Nem sempre ‘tá crazy’. Age como se fosse poucas, mas isso só às vezes. Uma dose atrás da outra, chapa e nem percebe. Só se acaba em motel. Antes que acabe é check”, emendou Yunk Vino, que apresentou ao público músicas consagradas, como "Ratos", "Memórias", "Leans, Pt. 2", "Lado Negro", entre outras.

Cabelinho emociona os fãs com performance histórica


Outra apresentação que emocionou o público foi a do rapper, trapper e funkeiro MC Cabelinho, que subiu ao palco por volta das 19h50 e emocionou a sua base de fãs, ao cantar a música "Carta Aberta".

“E a meta é ficar focadão nos planos. Sigo mantendo a mente no lugar. O tempo passa e as coisas vão mudando, e o que passou já não vai mais voltar. Eu vi vários dizer que sonham em ter minha vida. Será que tu aguentaria o meu lugar? A fama é algo que várias pessoas querem, mas nem imaginam o preço a se pagar”, cantou Cabelinho, apresentando músicas como "Fogo e Gasolina", "Acabou o Amor" e "A Cara do Crime".

Cria das Batalhas de Rima, Orochi sobe ao palco com Chefin


Após a apresentação de MC Cabelinho, subiram ao palco os rappers e trappers Orochi e Chefin, que empolgaram o público com um show conjunto e cheio de energia.

“Não me abandona, baby. Não me abandona. Eu cheguei tarde porque no plantão ‘tá’ foda. Perigo lá fora, lá fora, lá fora. Depois do plantão, amor, nós nos vemos que horas? Eu prometo que ainda vou largar isso tudo por você. É só o começo de um sonho que ainda pode acontecer”, cantaram juntos Orochi e Chefin.

“Vários falando que eu fiquei marrento com a porra da fama. Eu vim de baixo, eu não me iludo com grana nem ouro. Os que falam de mim ‘tá’ com a bunda deitada na cama. Já se passam vários anos e mesmo nada faz pra sair da lama”, cantou Chefin, na música "Tropa do Flamengo", empolgando a multidão.

“Mais um leão aí, ó. Liga pro Ibama. Mais um leão aí ó, morto do sucesso. Brasília, sem palavras. Bagulho doido”, despediu-se Chiró.

Veigh se apresenta e faz a ponte entre a nova geração e as referências do movimento rap e hip-hop


Em seguida, foi a vez de Veigh se apresentar, antecedendo a apresentação principal da noite, conduzida por Mano Brown (do grupo Racionais MC’s) e pelo rapper mineiro Djonga.

“Garota, como você tem coragem, de mentir olhando no meu olho? Se eu contar dos seus erros, não foi um, não foi dois. Erro de novo. Maldita, inimiga da verdade. Na sua, na sua mente, eu só vejo maldade. Fodeu comigo ontem , foi embora hoje. E mentiu que voltava mais tarde”, cantou Veigh, apoiado pelo público.

Sobre os novos projetos, Veigh afirmou: “Vocês podem esperar muita música boa. Vai ter um clipe top”, disse à produção do festival.

Batalha de Rima da Escada (UnB) antecede apresentação principal da noite


Antecedendo a apresentação dos rapper Mano Brown (Racionais MC’s) e Djonga, foi realizada a final da Batalha da Rima – Seletiva Meskla, vencida este ano pela MC Tempestade.

"Senti que estou mais perto dos meus objetivos. Creio que obstáculos são colocados desde que nasci, cresci e o pouco que vivi, e cada um deles me proporcionou a experiência de poder me tornar a pessoa mentalmente forte como creio que sou. Rimar com o Orochi foi deveras significativo pois ele mais que ninguém sabe exatamente a emoção de rimar para pessoas de um classe cujo não condiz com a nossa realidade. Ser campeã foi aliviador, foi sentir que nada que fiz até chegar ali foi em vão, e que as pessoas que confiam em mim estão certas, tenho muito a ser mostrado e posso dizer que o Meskla foi somente a ponta do iceberg", expressou Tempestade, campeã da Batalha de Rimas do Meskla 2025.

Cria das Batalhas de Rima, o rapper carioca Orochi acompanhou todas as disputas até o resultado da final.

“Ela é a tempestade, o Orochi é o apocalipse. Tá ligado, essa nossa 'diss' se inicia. Faz muito barulho, essa é a tropa de Brasília. Salve, quero ouvir que ‘nóis’ é sem limite. O bagulho é muito doido, nós fazemos hit. Tá ligado, tem a girafa. Vários de Brasília, é terra de gravata. Mesmo assim, eu fumo baseado. E ‘nóis vamo’ explodir o Palácio do Planalto”, rimou Chiró, no improviso.

MC Hariel conduz coro do público com sucessos da carreira


Por volta das 0h40, MC Hariel iniciou sua apresentação no palco do festival Meskla.

“E ela se interessa, que eu ‘tô’ de Nike, escondendo a peça, e essa sapeca hoje “tá’ caçando. E se chave acende o farol da meca, eu nem ligo a nave, ela já interpreta. Que hoje tem festa, dia de baile, igual ‘nóis’ não tem, pode procurar”, entoou o público ao som de "Maçã Verde", um dos grandes sucessos do artista, que performou músicas como "Obrigado Mãe", "Até o Sol Raiar", entre outras.

Kayblack emociona a plateia com performance emotiva e energética


“Se der saudade, me liga de madrugada, vai. Mente pra mãe: ‘Tô na amiga’, e vem pra minha casa. Produzida, toda linda, só ‘pa’ me encontrar. Vai se queimar com a neblina e você pelada”, cantou Kayblack, em "Mistérios".

O artista encantou o público cantando músicas como "Melhor Só", "Sal e Pimenta" e seu último lançamento, "Discreto".

Major RD convida Ryu, The Runner


Outra grande apresentação da noite ocorreu já na madrugada, por volta das 02h40, quando o trapper e rapper carioca Major RD subiu ao palco junto a Ryu, The Runner, pra incendiar a noite e ferver o clima em Brasília.

“Sempre que eu passo os ‘menor tão’ me ouvindo e falando: Caralho, o Major amassou! Hoje ela vem, me procura falando: RD ‘cê tá’ lindo, meu Deus ‘cê’ mudou. Hoje ‘nóis’ vive de trap. Faço esses versos ‘maneiro’ e também faço show. Tudo faz parte do plano. Minha vida é tipo isso, sou rock rgh”, cantou Major RD no meio da multidão, na música "60k", em um dos shows mais agitados do festival.

Ryu, The Runner não deixa por menos.


“Se me ver correndo, não para. Só pega o embalo. Ando com dois soldados, pra tu cair é um estalo. Ela olhou pro pulso, me perguntou quanto vale. Juro que eu não sei, mas o meu swag é inestimável”, cantou Ryu, The Runner, apresentando a música "Embalo", gravada com Teto e Yunk Vino, finalizando uma noite de peso no rap, trap e funk nacional, para a alegria dos fãs em Brasília (DF).

A noite foi encerrada ao som das DJ’s brasilienses Ketlen e Negritah, que tocaram até o sol nascer nas terras do Planalto Central.

Cleber Negão - Jornalista

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