Thaíde, Djonga e Negravat lançam track e vídeo "Pega a Visão"
A parceria inédita, que une três gerações, antecipa o aguardado álbum de Thaíde, "Corpo Fechado, Mente Aberta", com lançamento previsto para o dia 23 de maio.

Os rappers Thaíde, Djonga e Negravat lançaram no último dia 09 de maio (sexta-feira) a faixa Pega a Visão, que une três gerações do rap e da cultura hip-hop em uma produção fonográfica.
A track, que carrega batida dramática e estética tensa, carregada de vocais agudos, nos remete, no vídeo lançado junto à música, a um sistema prisional, denunciando o racismo estruturante no Brasil, as desigualdades históricas e as táticas de opressão sistêmica utilizadas contra as comunidades pretas, marginalizadas, periféricas, e as populações consideradas “minorias” no país.
“Se o preto é o que mais morre, com certeza não é o que mais mata. Se a gente só passa perrengue é porque tem branco que só vive em mamata. Geralmente é gente da nata, que manda por fogo na mata. Com a pele branquinha transporta farinha no passarinho de lata”, inicia Thaíde, com versos ácidos, questionando a herança do sistema escravocrata e colonial no Brasil.
“A polícia já foi acionada, mas não caia em contos de fadas. O Brasil é um circo falido que vive insistindo em suas palhaçadas. Faz valer a palavra vanguarda , minha crença ancestral me resguarda. Vivo pedindo pro anjo da guarda pelo amor de Deus me proteja do guarda”, segue um dos precursores do rap e do hip-hop no Brasil na letra, em claro protesto social.
“Genocida, cuidado, evite! Quanta gente morreu de Covid. Sociedade branca já me disse que marginal tem o perfil do Thaíde. É preconceito, racismo ou os dois? Isso pra nós é feijão com arroz. Acostumaram matar, humilhar, nos roubar e pedir desculpa depois”, narra o rapper.
“Quando fiz Pega a Visão, pensei no Djonga imediatamente. Ele tem a essência que essa música precisava: energia, verdade e consciência”, afirma Thaíde.
“Campo minado irmão, campo minado irmã. O inimigo se fortalece da nossa desunião. É questão de sentir, então pega a visão: Afrodescendente que vive ciente é livre até na prisão”, diz o verso do refrão.
Djonga e Negravat reforçam a potência da track
Com participações do rapper mineiro Djonga e Negravat, cantora lírica preta que entoa vocais fortes e dramáticos na faixa, Pega a Visão é – além de manifesto e protesto a favor das populações negras e periféricas contra o sistema escravocrata e colonial originários do Brasil, enquanto país –, uma união de três diferentes gerações em uma só música.
“Sempre olhando por onde piso, foi assim que tirei o pé do chão. Um favelado em Ibiza, 20 favelado em caixão. Pra cada R$ 1 milhão de propina, falta R$ 1 para o pão. Números na Faria Lima e o que nós faz eles nunca farão”, rima Djongador.
“É uma honra estar com um dos grandes pioneiros do hip-hop brasileiro, e mais ainda poder dar continuidade a essa missão de conscientizar e abrir caminhos através da música”, exalta o rapper Djonga, lembrando um fato comum e curioso da sua carreira e da carreira do mestre Thaíde.
“Minha primeira música se chama Corpo Fechado, e eu nem sabia que era o nome da primeira música do Thaíde”, destaca Djongador, em referência ao novo álbum de Thaíde previsto para ser lançado no próximo dia 23 de maio em todas as plataformas – Corpo Fechado, Mente Aberta.
A cantora preta Negravat concede o tom dramático da faixa, com vocais líricos que acompanham toda a música, do início ao fim.
“Minha participação aqui é uma forma de quebrar estereótipos e afirmar que nossa arte preta transborda qualquer gênero “, finaliza Negravat.
Cleber Negão - Jornalista
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