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"Desabafo 2": MC Poze do Rodo transforma episódio de repressão em narrativa de resistência musical

Uma realização Mainstreet Records e Maze Company, com direção de Igor Vargas e produção de Portugal no Beat, o trabalho se consolida como uma resposta direta aos acontecimentos recentes e reacende o debate sobre cultura, criminalização e liberdade artística.

"Desabafo 2": MC Poze do Rodo transforma episódio de repressão em narrativa de resistência musical
MC Poze do Rodo - Foto Reprodução Youtube

Lançado em 5 de junho de 2025, o videoclipe “Desabafo 2”, de MC Poze do Rodo, rapidamente ultrapassou 1 milhão de visualizações em menos de 24 horas. O vídeo traz imagens reais de sua saída da penitenciária de Bangu, onde esteve preso por cinco dias, sob acusações de apologia ao crime. Com direção de Igor Vargas e produção de Portugal no Beat, o trabalho se consolida como uma resposta direta aos acontecimentos recentes e reacende o debate sobre cultura, criminalização e liberdade artística.

Lançamento e contexto

O clipe foi lançado três dias após sua libertação, ocorrida em 2 de junho, por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que determinou medidas cautelares. A prisão de Poze, realizada em 29 de maio pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), teve como estopim vídeos de um baile funk na Cidade de Deus, onde homens armados aparecem durante um show do artista.

As imagens da detenção circularam amplamente: Poze foi retirado algemado, sem camisa e descalço. A exposição midiática foi criticada por entidades de direitos civis e personalidades do setor artístico, que apontaram o tratamento como desproporcional. A decisão judicial destacou essa conduta e liberou o artista com restrições, como a exigência de comparecimento mensal à Justiça e proibição de contato com outros investigados.

A estética da resistência

“Desabafo 2” é a sequência de um trabalho lançado em 2023. Agora, com novas camadas, o videoclipe integra imagens reais e narração que contextualiza o papel simbólico do artista periférico. Trechos como “Na favela, artistas são mais que vozes. São heróis.” e “MC não é bandido” organizam a narrativa de resistência que define a estética da produção.

As cenas da prisão, da libertação e do reencontro com o público foram incorporadas ao clipe, assim como a frase "MC NÃO É BANDIDO!", reforçando a conexão emocional com sua base de fãs. A linguagem visual do vídeo incorpora elementos da realidade das favelas e tensiona o olhar institucional sobre corpos negros e populares.

Composição: MC Poze do Rodo, Léo Mello e Portugal no Beat

Produção Musical: Portugal no Beat

Mix/Rec: Portugal no Beat

Master: Portugal no Beat

Uma realização Mainstreet Records e Maze Company

Direção: Igor Vargas

Direção de Produção: Jéssica Villardo

Direção de Fotografia: Yuri Jezzu e Brendon Barcellos

Operador de Câmera C: Cherry Rocha

Operador de Câmera D: Italo Lima

Operador de Câmera E: Denner Silva

1ª Assistente de Câmera: Renan Herison

2º Assistente de Câmera: Vitor Garcia

2º Assistente de Câmera: Erick dos Santos Paula Silva

Assistente de Produção: Sadoc

Motorista de Produção: LK

Edição: Yuri Jezzu e Igor Vargas

Color grading: Yuri Jezzu

Mainstreet Records ©℗

Popularidade e alcance

Antes da prisão, MC Poze do Rodo já acumulava mais de mais de 6 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Músicas como:

  • “A Cara do Crime (Nós Incomoda)” com mais de 186 milhões de streams
  • “Me Sinto Abençoado” com 172 milhões
  • “Diz Aí Qual É o Plano?” com 132 milhões

Sua presença nas redes sociais também era sólida, com cerca de 16 milhões de seguidores no Instagram. Após a prisão, houve ampla mobilização de apoio, e a repercussão atravessou fronteiras, com cobertura de veículos como The Guardian e Daily Mail.  No entanto, a remoção de parte do seu catálogo no Spotify, incluindo faixas como “Fala que a Tropa é CV”, pode ser um sinal de possíveis ações que venham no futuro, a limitar o desempenho de novas músicas, apesar do sucesso no YouTube.

Alcance, impacto e debate público

Os números de Desabafo 2 refletem uma mobilização intensa por parte do público, tanto nas redes sociais quanto nas plataformas de vídeo. A relevância de MC Poze do Rodo dentro do cenário nacional continua sólida, especialmente no funk e no trap, e seu alcance começa a ganhar projeção internacional de forma orgânica.

Mais do que um lançamento musical, o videoclipe fortaleceu debates sobre o papel do funk como ferramenta de denúncia social e construção de identidade nas periferias. O trabalho de Poze se posiciona como uma resposta artística diante das tensões entre cultura e repressão. Suas rimas, suas imagens e sua estética carregam a vivência das ruas, transformando dor em narrativa e resistência em expressão.

No clipe, a escolha por incluir cenas reais da prisão e da libertação funciona como afirmação de presença. É o artista se colocando no centro da discussão, não como alvo, mas como agente cultural legítimo. A música, nesse contexto, não busca suavizar o debate, mas reafirma sua origem, seus valores e o direito de existir sem filtros.

As reações nas redes demonstram o quanto a música segue sendo um espaço simbólico de disputa no Brasil. O funk, quando feito com verdade, toca diretamente nas contradições sociais do país. Desabafo 2 reafirma MC Poze do Rodo como uma das principais vozes da quebrada, e sua arte continua ecoando onde muitos ainda insistem em não escutar.

Escrito por Redação - West Side

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